Quarto 1

Olhei pela janela do taxi pensativa, imaginava como seria meu quarto, com quem dividiria, era algo muito estranho, espero que não seja ninguém chato, ou metido, ou incherido. Dei um longo suspiro e olhei para frente, retornando a realidade, olhando o preço subir enquanto chegávamos mais e mais perto de meu novo lar.

Paguei o taxista, desci do carro e contemplei o local por um momento, após uns segundos comecei a andar indo em direção ao prédio, recebi coordenadas para ir com meus pertences, duas mochilas entupidas em cada braça e uma mochila nas costas para coisas de primeira necessidade. Segui as coordenadas e o mapinha te papel, não demorou muito para chegar ao local, era uma bela tarde, devia ser por volta de quatro horas quando bati na porta, foram duas batidas, com isso já estava anunciada minha entrada. Abri a porta e a fechei rapidamente ao entrar.

O quarto era branco e belo, enquanto admirava o quarto joguei minhas coisas na cama próxima a janela e fiquei admirando a paisagem, já havia conquistado a cama, faltava saber o ser que iria habitar com.

Minha paz foi interrompida com uma voz, era feminina, aparentemente se apresentando, pelo visto o nome dela era Borgia, me virei cruzando os braços, a olhei a avaliando com os olhos, sem nada dizer, com um leve desprezo na feição, não que eu odiasse a menina, mas era um reflexo de auto proteção meu.

Tirei meus óculos escuros, o jogando na cama, disse olhando olho no olho para Borgia, a garota ruiva que dividiria o quarto com.

-Então é você quem vai dividir o quarto comigo. Meu nome é Lauren.

Dei um meio sorriso quase não aparente, meu olhar era um tanto voraz, fiquei a olhando, tentando adivinhar seus poderes, então comecei a andar até ela. E tcharam, tudo em slow motion, droga, me aproximei dela, parando em sua frente, virei meu boné e disse ao ficar parada em sua frente, quando tudo normalizou é claro.

-Não me perturbe okay? Você fica na sua, eu fico na minha. Alias, qual é o seu poder, espero que não seja nada que me incomode durante o sono.

Fiquei ali, a encarando de braços cruzados, ela parecia uma boa garota.

Aquela garota me chamou de que, a encarei mais hostil depois da "princesa da discórdia", oh pobre garota, sabe de nada inocente. Aposto que não sobrevive um dia na rua com essa cara de inocente.

Meus olhos a acompanharam enquanto ela andava pelo quarto em direção a janela, me repreendendo, quem ela acha que é? Muito ousada, não parece uma mosca morta... Meu meio sorriso deu uma crescidinha, ficando mais aparente. Ela era mandona, essa dona elástica, achei que era só uma mosquinha morta querendo desesperadamente uma amiga, mas não é. Deve saber lidar com pessoas do meu temperamento, isso é bom.

Sorri abertamente, me movendo rápido para frente dela dizendo, pondo a mão em seu queixo, o segurando com meus dedos, sem força, dei uma leve risada, meu tom de voz era descontraído e mais amigável.

-Não ouse a me acordar. Ah, você passou no primeiro teste, você tem direito a 5 perguntas, as faça e eu farei 4.

Ela era bem interessante. Talvez pudesse usa-la aqui, ou se ela conseguir minha confiança, o que duvido, talvez, TALVEZ, só talvez se torne uma aliada ou algo parecida com uma amiga.

Ri daquela pergunta idiota, a olhei séria, dizendo me aproximando de Borgia, a encarando.

-Eu sou uma sobrevivente. E você, quem pensa que é?

De fato eu lutava para viver, enquanto estivesse respirando estaria lutando para viver. É o que eu faço, a única coisa que me importa é minha vida.

Fiquei a encarando um pouco hostil e desconfiada enquanto esperava sua resposta. Agora eram mais 4 perguntas dela e 3 minhas.

Sorri torto, sem graça ao ouvir que ela havia sido uma cobaia, talvez ela seja alguém confiável, ela deve ter um ódio pela sociedade parecido com o meu.

Agora essa vaca elástica me deixou curiosa, a olhei, inclinando minha cabeça dizendo, olhando para a janela a fora, meu tom de voz era suave e perdido, meu rosto estava sereno e meu olhar perdido em pensamentos.

-Meu propósito aqui? Sobreviver e achar um resposta.

Olhava o céu colocando ambas as minhas mãos no vidro e as retirando, lembrando de uma vez que quebrei vidro por não perceber que minhas mãos estava batendo nele rápido. Coloquei minhas mãos cerradas em punhos nos meus bolsos e disse num tom calmo e sereno.

-Qual o seu propósito? Se não quiser falar eu entenderei.

Fiquei olhando pelo vidro afora, esperando sua resposta.

Respirei fundo ouvindo o que ela falava. Dei um leve sorriso andando até sua cama, pegando sua mão, enquanto sentava no chão falando, enquanto escondia o rosto. Okay, esta garota merece minha confiança e até meu respeito.

-Tudo bem, eu te ajudarei se precisar, a vida não foi justa comigo também, acho que tive sorte de não ter conhecido meus pais.

Apertei a mão dela, lhe dando força, ela iria precisar, afinal, o problema dela era meio que quase do nível do meu. Não iria força-la a falar caso não quisesse. Encostei minha cabeça nos joelhos e lembranças ruins passaram diante d emeus olhos, meu passado.

Percebi que ela estava melhor, dei um sorriso mais amigável na medida que pude, dei de ombros dizendo enquanto levantava.

-Obrigada, se quiser te dou umas dicas. Não que suas roupas sejam feias, são um estilo diferente do meu.

Cerrei meus olhos, e depois os revirei. E em resposta a sua pergunta disse, com uma cara meio malandra, inclinando o corpo para traz e fiz um sinal de joinha com a mão.

-Vamos nessa então. Mas vê se não fica uma bêbada chata.

Dei um riso normal, estava me soltando, aos poucos um vinculo denominado amizade estava surgindo.