[FP] Gaël Lefevrè

Gaël é um garoto esperto para a sua idade. Ingenuidade é uma característica que não pode ser atribuída à criança. Não confia nas pessoas logo de começo, e embora às vezes se deixe manipular sem perceber, geralmente percebe quando as pessoas se aproximam com segundas intenções. Um garoto que costumava ser extrovertido e alegre, mas que no entanto foi corrompido pela grande angústia causada pela separação da irmã, de forma que não costuma fazer amigos muito rapidamente, e dificilmente se abre com alguém que não seja muito próximo a ele.

No entanto, é um garoto extremamente bondoso e generoso, que não se importa com as regras, mas que faz tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar a quem precisa. Sua inteligência o fez um prodígio na escola que frequentava, de forma que seus conhecimentos eram quase sempre mais avançados que a série que cursava, e sempre se orgulhou disso. Seu maior sonho – ou sua maior ambição, melhor dizendo – é encontrar a irmã perdida, independente do que tenha de sacrificar por isso. Sua tendência nos eixos ético e moral é, respectivamente, o caos e a bondade.

Nascido em uma família de classe média, Gaël não cresceu conhecendo os luxos e prazeres que uma vida rica poderiam proporcionar-lhe, mas em compensação nunca passou por nenhum tipo de problema financeiro, graças aos pais - ambos eram relativamente conhecidos graças aos seus poderes, o que sempre fez com que o casal criasse expectativa sobre os poderes que os filhos iriam desenvolver - que sempre mantiveram a casa estável e prezavam pelo bem estar do garoto e de sua outra filha - irmã gêmea deste -, Desirée.

Desde os primeiros anos do garoto, seus pais eram muito ausentes, mas ainda assim se preocupavam muito com os filhos – ainda mais com a garota, que sempre demonstrava uma maior fragilidade – e por isso sempre diziam ao pequeno Lefevrè que ele devia cuidar de sua irmã, e sempre estar ao lado dela. E assim o garoto fez. Ele e Desirée eram inseparáveis. Sempre brincavam juntos, se divertiam e Gaël odiava vê-la triste ou chorando, de modo que sempre fazia qualquer coisa para vê-la feliz, seguindo não só a ordem dos pais, como também o grande amor fraternal que sentia por ela.

Claro que foi um grande choque para o menino quando os gêmeos foram separados. Foi um dia depois de o garoto ter demonstrado o primeiro sinal de seus dons. Não foi nada muito importante, ele estava brincando com sua irmã no jardim – com seus pais os observando, pois haviam conseguido uma folga no trabalho – quando saltou, para pegar uma bola que a pequena havia jogado alto demais. E então, o corpo de Gaël subiu por meio metro com o pulo, e ao cair, o menino não recebeu nenhum dano. Os pais ficaram muito orgulhosos, obviamente, e comemoraram durante aquele dia. No outro, no entanto, pareciam nebulosos e tristes, pois sabiam o que ia acontecer.

Não tinham escolha, a decisão vinha de cima, de alguém muito superior a qualquer herói. O Lefevrè tiveram de entregar os gêmeos. Desirée foi separada de Gaël, que foi entregue a uma família de heróis muito rica na cidade, e não mais viu a pequena. Isso o deixou transtornado por dias. Depressivo, calado, não falava com absolutamente ninguém, e vivia chorando. Seus pensamentos eram todos sobre a garota, e sobre como não poderia protegê-la. Pensava nela chorando, indefesa, sem que ele pudesse fazer nada. Não conseguia comer, ou dormir, e uma semana após ser “adotado”, foi internado por uma série de doenças que havia contraído com sua depressão.

Desesperados – pois mesmo com o garoto agindo daquela forma, a família havia criado uma pequena afeição por ele, e além disso, eram seus guardiões, e por isso não podiam deixá-lo morrer -, os novos pais prometeram para Gaël que encontrariam a garota, mas que para isso ele devia melhorar e treinar as habilidades, de modo que estaria pronto para enfrentar qualquer um que lhe tentasse fazer mal. O menino, convencido pelos dois e desesperado para encontrar Desirée novamente, aceitou o acordo, e depois de mais alguns dias internado, pôde voltar para a nova casa, onde seus treinamentos se iniciaram.

Primeiramente, os pais descobriram tudo o que puderam sobre a habilidade do garoto, explicando que alguns chamavam-na de gravitocinese. Explicaram também sobre a gravidade, o que era, como funcionava, e como Lefevrè poderia dominá-la, usando-a ao seu favor. O pequeno prodígio não demorou muito a aprender tudo o que era necessário para melhor compreender seu dom, e os ensinamentos deram lugar aos treinos de verdade. Todos os dias ele tentava, mas obviamente não conseguia controlar, afinal não só era inexperiente, como também nem possuía a idade em que os poderes geralmente afloravam. Ou seja, era quase uma tarefa impossível.

Gaël, no entanto, continuou tentando, e aos poucos avançou no treinamento, até ter o controle considerado básico para o treinamento. Os pais então decidiram que ele estava pronto. Explicaram-no que o mandariam a uma escola, onde um tutor o ensinaria a controlar direito os poderes. Explicaram também que não haveria na escola ninguém com a idade do garoto, de modo que não poderia frequentar as aulas normalmente, e que teria de ter aulas particulares com o tutor. E então, poucos dias depois, se despediram do garoto, com a promessa de que encontrariam sua irmã.