DENDRAC, POUCOS DIAS ANTES DO CABOOM!
O homem já estava conversando com o terceiro há algum tempo, um papel em sua mão possuía coordenadas desconhecidas, mas que mostravam com exatida precisão o local indicado pelo outro. As palavras eram rápidas e sussurradas de modo quase inaudível, faladas num sotaque que poucas vezes Preeph havia escutado. Apesar de uma ou outra palavra perder-se no decorrer do diálogo, o conteúdo do mesmo fora compreendido pelo dendrac.
– E você tem certeza disso? – Perguntou o ser de olhos vermelhos ao estranho de óculos e palavras emboladas à frente.
Houve um silêncio momentâneo enquanto o estranho fitava o outro. Coberto por diversas roupas e acessórios, a figura do ser à frente apenas parecia suspeita e quase desconfortável aos olhos de Preeph. O ser tocou os óculos abaixando-o levemente sobre o nariz e fitando o outro com sua íris azulada. Por debaixo das sombras do chapéu o dendrac notara a pele escura do outro, não cinza escura, e sim marrom; a pele de um não-dendrac.
– Oui, mon ami. Eu tenho certeza disso. – disse o estranho com um sorriso no rosto enquanto entregava uma chave ao outro.
♕ ♕ ♕
Algo não funcionara direito na aeronave durante o pouso; luzes piscavam, sirenes apitavam, a nave mexia-se mais que o normal. Dentro dela poucos dendracs mantinham-se calmos, algumas crianças choravam e um deles parecia tão inerte que Preeph deduzira já ter morrido. No segundo que a nave tocou o solo do local, ele pensara que finalmente iria morrer. A nave capotou três vezes antes de arrasta-se pela terra por uns 30 metros e afunda-se pela metade no solo. A inconsciência levou-o e a única coisa que notou antes de sua mente transformar-se num vazio negro foi o sangue que pingava por toda a parte.
Quando acordou ele estava deitado em uma espécie de cama. Seu corpo doía, mas seus ferimentos haviam se fechado. Quanto tempo havia passado? Um, dois meses? Uma mulher de cabelos loiros quase brancos, pele rosada e olhos azuis adentrou o cômodo em que ele estava. Ela sorriu enquanto sentava-se acomodada em um banco ao lado da cama, como se já tivesse feito isso milhões de vezes, ela tocou o corpo do dendrac com as pontas dos dedos dos quais uma luz fraca irradiava. Ele sentiu frio, contudo não era um frio incômodo, e logo ele percebeu que só estava vivo por conta dela – a mulher esta o curando.
Os olhos vermelhos de Preeph miraram os azuis da mulher, apresentada como Moira,e por um segundo ele esqueceu o motivo de estar ali. E por aqueles segundos de esquecimento, um mar de obliviação o inundou enquanto ele mergulhava propositalmente nele e deixava-se levar por aquele estranho sentimento.
POUCOS MESES DEPOIS DO CABOOM DE DENDRAC!
A criança parecia com a mãe, felizmente. Apenas pequenos traços assemelhavam-se ao pai. Moira cuidava do bebê na sala enquanto Preeph, o qual agora chamava-se Ivan, cozinhava. A campainha tocou uma, duas, três vezes, e mesmo depois do aviso do homem que já estava à caminho, ela continuou a tocar num desespero unissom.
O homem abriu a porta, e ali encontrava-se alguém que ele nunca mais desejava ou esperava ver. No rosto do estranho de vestes escuras as linhas, traços, e cor acinzentada de um dendrac era vista claramente; seus olhos brilhavam rubros como o sangue humano e havia raiva neles, uma raiva que Ivan não via em seu próprio por muito tempo.
– Volte de onde veio. – Impusera Ivan ameaçando fechar a porta.
A mão do desconhecido impediu que ela fosse fechada, e com a outra mão o mesmo entregara um dispositivo para Preeph. Não houve nenhum diálogo à mais, nada da parte do outro, mais nada da parte de “Ivan”. A água no fogo borbulhava há minutos ameaçando já a evaporar, ainda sim o homem não deu-lhe atenção, ele apenas conseguia olhar para o dispositivo em mãos num misto de angústia, medo e dor.
– Querido? – A voz de Moira ecoou pela casa.
– Ivan? Preeph?Ela desceu as escadas para o primeiro andar, seus olhos vagaram pelo cômodo principal e depois pelos adjacentes à sala. Ele não estava lá, ao invés disso apenas um papel grudado à geladeira dizia:
“Adeus.”
DOZE ANOS DEPOIS DO DADDY ALIEN abandonar ABANDONAR A FAMÍLIA
– Mas porque eu tenho que ir?! Isso não faz sentido! Eu quero um advogado! Um de graça, porque sou uma criança não tenho dinheiro, mas se ele quiser pago em bala e... OPA! OPA! ME SOLTA! AH! – Antje gritava e esperneava tentando acertar com chutes e socos o homem que a levitava com a mente.
Porque havia um “médico” telecinetico? Que função mais inútil pra alguém com um poder tão legal.Em meio aos gritos ela fora jogada dentro do camburão da clínica e trancaficada lá dentro onde tudo era acolchoado. Pelas pequenas grades da porta do carro ela amaldiçoava os telecinéticos, médicos, deuses, e a pessoa que havia criado a matemática – porque sem dúvida aquela pessoa maldita estava envolvida diretamente com suas desgraças. O homem que havia a jogado lá para dentro estava agora conversando com a tutora da menina, cujo era a dona do orfanato e parecia mais um esqueleto de laboratório que uma pessoa de verdade. Os orbes da mulher fitaram a menina de cabelos loiros por meio segundo com desprezo antes de voltarem-se para o homem à frente.
– Tirem-na logo daqui. – Falara a mulher com aquela voz anasalada e sotaque arrastado depois de assinar os papéis devidos.
Antje já havia desistido de gritar pelas barras e agora estava jogada no chão de colchões do veículo olhando para o teto branco encardido. Suas lembranças passavam como um flash naquele momento: aos nove anos, quando sua mãe fora morta por algum vilão ao tentar salvar uma mulher na rua; na mesma idade quando fora mandada ao orfanato; aos dez, quando quebrou a perna e o nariz de alguém que implicara com ela, e logo depois fora mandada para uma clínica psiquiátrica por 9 meses por comportamentos “irracionais” que ocorreram depois; aos onze, quando começou a ser mais hiperativa e estranha que o normal; ainda nesta idade, quando fora mandada à outro orfanato por “afetar negativamente os órfãos”; ainda naquela idade quando fora mandada – mais uma vez – à uma clínica psiquiátrica onde passara 5 meses, e quando saíra fora para outro orfanato; e agora aos doze, quando mais uma vez era mandada à uma clínica psiquiátrica. Não tinha nem 15 anos e fora mandada mais vezes para uma clínica/hospício do que um alcóolatra para uma clínica de reabilitação.
Ela não entendia porque todo o tempo estava sendo mandada para lá, ou trocando de orfanato, ou porque não era adotada. Não que desejasse ser adotada, afinal, sem pais ela podia dormir até 22 horas e não 21 horas como quem tinha pais normalmente dormia.
HÁ! Na realidade ela não entendia muitas coisas, quero dizer, ela tinha só doze anos, né! Apesar disso ela sabia de uma coisa, algo que era inegável diante da sua situação: ninguém aguentava a sua personalidade maravilhosa e toda sua diveza por muito tempo. Sabe, ela ofuscava demais as pessoas! Todos invejosos, principalmente aquelas mulheres esqueléticas com cara de desenho animado que comandavam os orfanatos.
Antje rodou no chão de almofadas ficando de barriga para baixo ainda estatelada. Nem ao menos havia chegado no hospício e já estava entediada. Fechou os olhos em uma tentativa de dormir, mas só o que conseguiu fazer foi tentar lembrar de sua mãe e das histórias que ela contava. Não havia muito o que lembrar, mas ainda assim ela passou muito tempo submersas das recordações, pelo menos até a porta traseira do automóvel ser aberta e ela encaminhada para dentro da clínica.
– Gertrudes! Cabelo novo, huh? – Dissera ela apontando os dois dedos como se fossem armas, piscando e fazendo um som com a boca em direção à secretária velinha que respondeu amigavelmente com um sorriso e um mexer no cabelo.
TRÊS ANOS DEPOIS DO CORTE NOVO DE GERTRUDES E DE SER INTERNADA MASI 6 VEZES
Ela já estava correndo há mais de três horas. Será que aquelas pessoas não se cansavam? Quer dizer, pelo menos eles não estavam com fome ou vontade de ir no banheiro? Ela havia roubado apenas um pãozinho doce, pra que aquele exagero todo com foices, tridentes e tochas? Ela não era nenhum Frankenstein apesar do cabelo esquisito e roupas estranhas! Já fazia uma semana que ela estava nas ruas, afinal não havia mais orfanato por ali que a aceitasse, e aparentemente nenhum outro longe dali a queria. E o pior, ela nem ao menos lembrava do lugar que sua mãe havia lhe falado para ir. Era algo como Heel High, Heling High, Homos High...? Não lembrava nem o nome, quanto mais o endereço.
– É SÓ UM PÃO! UM PÃO! Nem ‘tava tão bom assim pra esse escândalo todo, seus padeiros meia bocas! – Gritou ela fazendo uma careta para eles enquanto subia em um muro e andava sobre o mesmo para subir pela parede de uma construção em direção ao seu telhado. Aqueles padeiros gordos não subiriam ali. HAHAHAHA!
“Mas que porra...?!”, pensou ela ao ver dois dos padeiros erguendo um terceiro em direção ao muro com certa dificuldade.
– Parem de brincar de homem-aranha e vão queimar rosca! – Gritou ela irritada pra eles brandindo o braço em revolta, no segundo seguinte ela parou com uma expressão pensativa e então começou a rir como se nunca fosse parar.
– Isso foi gênial! HAHAHAHAHAHAHA! Tenho que anotar no livrinho de paidas.Viper, como havia se autobatizado, só parou de rir quando o padeiro gordinho estava pendurado pelos dedos na borda do telhado. Ela marchou até lá pisando em seus dedos e gritando insultos nada carinhosos para o homem, quando só faltava dois dedos para ele cair ela interrompeu seus golpes.
– LEMBREI! LEMBREI! Helter High! HÁ! ISSO! – Em meio a uma dancinha da vitória ela parou para abraçar o homem que estava quase caindo, antes de voltar a pisar em seus dedos e o fazer cair em cima dos outros padeiros balofos. E, finalmente ela havia lembrado a tal academia onde sua mãe havia estudado, assim como o endereço da mesma. E era para lá que iria, pelo menos não haveria padeiros correndo atrás dela ou pessoas tentando a por em clínicas psiquiátricas.
Dom Fev 14, 2016 3:04 pm por Galaco
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